Transtornos
Alimentares
Classificações
Existe um número diversificado de
transtornos alimentares dependendo da fonte. Os mais conhecidos são a anorexia
e a bulimia, porém existem vários outros segundo as pesquisas:
Anorexia
Bulimia
Hipergafia
Ortorexia
Pica
Síndrome de Prader-Willy
Transtorno da compulsão alimentar periódica (TCAP)
Transtorno
obsessivo compulsivo por alimentos (TOC)
Transtorno de ruminação
Vigorexia
Transtorno alimentar não especificado
Devido às idiossincrasias da adolescência, mostram as estatísticas que essas disfunções alimentares são mais freqüentes nessa faixa etária,
quase sempre associadas a algum quadro de disfunção emocional, na dinâmica da família, da escola, do trabalho e outras áreas importantes da vida social. Contudo, outras faixas
etárias também mostram incidência dessa disfunção alimentar, inclusive bebês.
Causas
Percentagem da população obesa no mundo. Segundo o
IBGE em 2009 a obesidade no Brasil é de 12% entre homens e 17% entre mulheres.
Assim como todos
outros transtornos, envolve múltiplos fatores. Dentre os fatores responsáveis,
destacam-se:
§ Histórico de transtorno alimentar na familiar
§
Histórico
de transtornos de humor na família (como depressão ou transtorno bipolar)
§
Famílias
autoritárias (anorexia) ou negligentes (bulimia)
§
Contexto
sociocultural caracterizado pela extrema valorização do corpo magro
§
Disfunções
no metabolismo da serotonina e noradrenalina
§
Experiência
sexual traumática
§
Certos
traços de personalidade (Baixa auto-estima, Introversão, Perfeccionismo
(Anorexia), Impulsividade (Bulimia), Instabilidade afetiva, evitativo, ansioso
(TCAP)...)
§
Fazer
alguma dieta
É frequente a comorbidade de transtornos alimentares (TAs) com
transtornos de humor, transtornos de ansiedade e dependência química. Sendo
assim esses transtornos são considerados fatores de risco para anorexia,
bulimia, hipergafia e vigorexia. Transtornos psiquiátricos de membros da
família de primeiro grau (geralmente a figura materna) estão entre os
principais fatores correlacionados com os TAs. Parentes de primeiro grau de
pessoas com anorexia tem 11 vezes mais chance de desenvolverem esse transtorno
que o normal enquanto parentes de bulímicos tem 4 vezes mais chance.
Mães com anorexia tem 75%-80% de chance de transferirem a anorexia para
um ou mais filhos e mães com bulimia tem 45% a 55%. Acredita-se que existe um
predomínio dos fatores ambientais sobre os genéticos nessa transferência pois
existe uma correlação positiva entre a convivência com a mãe e a transmissão
dos transtornos e a terapia comportamental é mais eficaz que a medicamentosa
nesses transtornos.
Alguns remédios podem alterar o padrão alimentar diminuindo ou
eliminando a sensação de fome. Nesse caso não se trata de um transtorno
psicológico e sim de um efeito colateral conhecido como anorexia
medicamentosa.
Classificações
Anorexia
Anoréxicos atingem uma
grande perda de massa, de modo que o seu Índice de Massa Corporal se reduza a valores inferiores a
17,5 kg/cm². A perda de peso pode ser efetivada por estrita restrição
dietética, em adição a exercícios físicos excessivos; outros, em conjunção a
esses métodos, também podem abusar de técnicas purgativas (provocar-se vômitos,
abusar de laxantes ou diuréticos,
etc.) que acreditam resultar em perda das calorias consumidas, sem
necessariamente, como no caso da bulimia, ter antes havido períodos de comilança
desenfreada.
Bulimia
Por definição, bulímicos passam por episódios
(pelo menos duas vezes por semana) de comilança desenfreada que resultam num
consumo de calorias muito superior ao de uma pessoa normal no mesmo período.
Seguidos desses episódios, são por eles empregados vários hábitos que visam
compensar o ganho calórico, entre os quais os mais usados são as técnicas
purgativas; em uma pequena minoria dos casos, porém, bulímicos limitam-se a se
exercitar rigorosamente e/ou jejuar por longos períodos, sem provocar a
purgação da comida. A bulimia se distingue do tipo purgativo da anorexia, por
não haver, no caso do primeiro transtorno, o emagrecimento extremo visto no
segundo.
Hipergafia
Segundo a OMS, Hipergafia é quando um evento
traumático resulta em um aumento no consumo de alimentos e consequentemente um
rápido aumento de peso, geralmente resultando em obesidade piorando a
auto-estima e auto-confiança do indivíduo.
Ortorexia
É a obsessão por alimentos saudáveis e nutritivos
excluindo uma grande quantidade de alimentos, principalmente os mais
industrializados, dessa dieta. Quase sempre ocorre em países desenvolvidos.
Pica
É
o impulso de comer objetos não nutritivos nem cuja ingestão é aceita
socialmente. Mais comum em crianças e mulheres grávidas. Seu nome é baseado no
nome latim de um corvo famoso por comer de tudo.
Sindrome de
Prader-Willi
Afeta crianças
independentemente do sexo, raça ou condição social. De natureza genética, mais
frequente em quem possui baixa estatura e peso, geralmente envolve retardo
mental ou transtornos de aprendizagem e desenvolvimento sexual incompleto se
trata de uma necessidade involuntária de comer constantemente, o que quase
resulta em outros problemas de saúde como obesidade e problemas cardiacos. Leva
a morte caso não tratado. Anti-depressivos ISRS tem se mostrado eficaz restringindo os
danos, porém essa síndrome ainda não tem cura.
Transtorno da
compulsão alimentar periódica (TCAP)
Conhecido em inglês por binge eating disorder, é uma
classificação relativamente recente para a compulsão por comer característica
da bulimia que não envolve o uso de métodos extremos de perda de peso como
vômito, anfetaminas e laxantes. 30% dos obesos possuem esse transtorno e sua
prevalência na população gira em torno de 2%.
Transtorno
obsessivo compulsivo (TOC) por alimentos
Semelhante aos outros
transtornos obsessivos compulsivos, envolve pensamentos incontroláveis,
repetitivos e persistentes, que só são aliviados enquanto o indivíduo se
alimenta. Enquanto não se alimentar seguindo suas crenças o indivíduo sofre de
uma ansiedade crescente e pensamentos constantes até ceder e é imediatamente reforçado\reforço positivamente
(com o prazer de comer) e negativamente (com o alívio da ansiedade) enquanto
estiver comendo. Mesmo que esteja ciente de que seus pensamentos são
prejudiciais a si mesmo, irrealistícos e inapropriados o indivíduo não consegue
controlá-los. Ao contrário dos outros transtornos alimentares os
anti-depressivos são bastante eficazes no tratamento do TOC.
Transtorno de
ruminação
Mais frequente em crianças pequenas é
caracterizado pela regurgitação ou remastigação repetida que não podem ser
explicados por nenhuma condição médica. Podem resultar em desnutrição, perda de
peso, alterações do equilíbrio hidroeletrolítico, desidratação e até morte.
Vigorexia
É a obsessão por um corpo
musculoso e atraente, quase sempre em homens. Envolve um treinamento muscular
obsessivo e alimentação voltada para a manutenção desse corpo com uso frequente
de anabolizantes. É classificada junto com os transtornos
alimentares por envolver um disformismo corporal reforçado pelo culto a imagem,
o desenvolvimento de uma alimentação restrita e hábitos patológicos com causas,
consequências e tratamento semelhantes ao da anorexia e bulimia.
Outros
transtornos alimentares não especificados
Cerca de um terço dos
diagnósticos feitos usando o DSM IV são classificados como não especificados
por não possuírem um ou mais critérios essenciais para a classificação em outro
transtorno. Por volta da metade desses transtornos parciais se tornam
transtornos completos caso não sejam tratados adequadamente preventivamente.
Diagnóstico
Existem alguns testes
psicológicos desenvolvidos especialmente para o diagnóstico de transtornos
alimentares gerais como o Teste de Atitudes Alimentares (EAT 26) ou específicos
como o Escala de Compulsão Alimentar Periódica (ECAP) O diagnóstico geralmente é feito
seguindo os critérios do CID-10 ou do DSM IV tanto por
médicos, psicólogos ou nutricionistas.
O teste de atitudes
alimentares (EAT-26) foi desenvolvido por Garner e Garfinkel, originalmente
usado apenas para anorexia mas revisado para identificar outros transtornos
alimentares, usa 14 critérios e é voltado especialmente para identificar riscos
de saúde. Já está adaptado ao português e é aprovado pela APA.
No caso específico da
anorexia nervosa os critérios basicamente envolvem:
§ Comportamentos visando a perda de peso e
sua manutenção abaixo do normal;
§ Medo mórbido de engordar;
§ Distúrbio de imagem corporal; e
§ Distúrbio endócrino (ex: amenorréia).
Enquanto os da bulimia
nervosa se caracterizam por:
§ Impulso irresistível de comer
excessivamente;
§ Evitação do ganho de peso pela indução
de vômitos e/ou abuso de purgativos; e
§ Medo mórbido de engordar.
Para o diagnóstico
específico da bulimia existe o Bulimic Investigatory Test Edinburgh (BITE) e
para o diagnóstico de distorção corporal existe o Body Image Test (BIT).
Já os critérios diagnósticos
dos outros transtornos ainda são controversos e estão sendo discutidos.
Critérios importantes como a quantidade de episódios de compulsão alimentar
necessários para caracterizar um TCAP ainda não estão definidos, mas estão em
torno de duas vezes por semana.
Sintomas e outros Sinais de Alerta
Sintomas e outros Sinais de Alerta
§ Emagrecimento
§ Cuidado excessivo com a alimentação
§ Desculpas para não comer ou comer
sozinha
§ Isolamento, alterações de humor e
Agressividade
§ Excesso de exercício físico
§ Vômito e uso de laxantes
§ Atitude demasiado crítica quanto à sua
imagem
§ Perda da menstruação.
Tratamento
O tratamento mais
eficaz deve ser multidisciplinar, com acompanhamento médico, nutricional e psicológico, para que se possa alcançar um
peso mais saudável, diminuir a influência dos fatores psicológicos mantenedores
desse comportamento, medicar com psicotrópicos como antidepressivos e topiramato, acompanhar a evolução dos
sintomas e prevenir ou conter as possíveis patologias associadas. Em casos
graves, quando o peso corporal está a mais de 25% abaixo do mínimo ideal (por
exemplo, abaixo de 45kg quando o ideal é 60kg), pode ser necessária hospitalização.
Em caso de obesidade mórbida pode ser feita uma cirurgia bariátrica.
As psicoterapias mais
recomendadas são a Terapia analítico-comportamental e Terapia cognitivo-comportamental (39% de desaparecimento de sintomas a
curto prazo). Os remédios psiquiátricos por outro lado tem tido eficácia
significantemente menor (20% de desaparecimento de sintomas), tornando os
psicotrópicos coadjuvantes dos tratamentos psicológico e nutricional mais
voltado para tratar as comorbidades (como depressão e ansiedade) do que o
transtorno alimentar em si. Os antidepressivos tem efeito melhor que o placebo
apenas em 60% dos casos, podem ter como efeitos colaterais causar perda ou
ganho de peso e tem 35% de abandono. Todos os tratamentos juntos levam ao
desaparecimento de sintomas em 49% dos casos.